segunda-feira, julho 17, 2006

Feed-se

Das poucas unanimidades sobre a Internet hoje em dia é ninguém tem tempo para ler tudo o que gostaria ou precisa. Há informação demais para as poucas horas de que dispomos. Por isso foram criados os agregadores de notícias, que reduzem tremendamente o seu esforço e tempo gastos na visitação dos sites que você mais navega. Pessoalmente, não gosto do termo agregador de notícias, e torço para que não pegue no Brasil. Mas se você já ouviu falar em Feed, Atom, RSS, XML e Syndication, é disso que estamos tratando. Agora, se isso é novidade, fique atento, pois logo será parte da sua vida.

Primeiro vamos tentar descomplicar: feed, em inglês, quer dizer alimentador, syndication é uma empresa que distribui notícias para revistas e jornais; para quem é do ramo, uma agência de notícias. Já RSS é uma extensão de arquivo semelhante ao XML, que já foi sigla de RDF(Resource Description Framework) Site Summary (RSS 0.9 and 1.0), passou a Rich Site Summary (versões 0.91 e 1.0) e hoje é a abreviatura de Really Simple Syndication (RSS 2.0). Então estamos falando de uma forma de alimentar, automaticamente, uma agência de notícias. A SUA agência de notícia particular.

Sei que parece enrolado, mas a idéia central é facilitar a sua vida. O que este agregador de notícias faz é checar, em intervalos regulares, as novidades postadas nos sites que você mais visita e mandar tudo para um único local, criando um “jornal pessoal”. Por isso gosto mais do termo “webagência de notícias” para denominar este processo. No caso de uma notícia ou de um post, por exemplo, você escolhe se quer receber apenas o título, um pequeno resumo ou a notícia toda. E nada fica lento ou pesado, porque ele cria apenas links diretos com os sites originais.

Essa possibilidade de escolha já existe em portais como My Yahoo! e Google, e em browsers como Mozilla Firefox, Safare e Opera. É verdade que no começo dá um pouco de trabalho porque você tem que informar quais sites freqüenta e que sessões gosta de ler, mas depois vale a pena. Alguns desses programas já estão integrados a clientes de e-mail, como Outlook, Eudora e Mozilla Thunderbird. O postcast iTunes, da Apple, também já está adaptado e logo será comum acompanhar as notícias via palm e celular. A tendência, não tenho dúvidas, é que os feeds substituam, em muito pouco tempo, as newsletters.

Se você é usuário do FireFox, por exemplo, já deve ter reparado neste quadradinho laranja que aparece ao lado do endereço da página. É este ícone que identifica um site inscrito em um leitor de feed. Aliás, você vai começar a encontrá-lo com cada vez mais freqüência nas páginas que visita, como neste blog. Basta você clicar nele para passar a receber as novidades no seu e-mail ou no seu "jornal pessoal". Sei que o mecanismo ainda é muito novo e, com isso, é comum ocorrerem alguns bugs. Mas logo estará tudo ajustado e o procedimento será tão mais simples do que o sistema de aviso por listas ou newsletters, que todos devem aderir. É questão de tempo...de pouco tempo.

Ah! Para os leitores que buscam informação técnica, eu recomendo o site do Bruno Torres, que me ajudou muito a desvendar todo este "mistério".

Isto é Inteligência Coletiva

Fiquei sabendo pelo IDG Now que o MySpace é, hoje, o site mais visitado pelos internautas norte-americanos, ultrapassando até mesmo o Yahoo!Mail. Isso é um reflexo claro de que a interação é um caminho sem volta. Entretanto, nunca é demais lembrar que a convergência pura e simples de ferramentas e de tecnologia não é capaz de promover a interação entre as pessoas e a geração do conhecimento.

É preciso distingüir bem as coisas. A possibilidade de utilizar vários tipos de ferramentas em um mesmo meio é uma necessidade - fundamental -, pois facilita e permite que o trânsito da comunicação flua sem “engarrafamentos”. Sem tantos obstáculos, quem estiver disposto a compartilhar conhecimento e agregar informação, sairá ganhando. Mas aqueles que pensam que basta juntar tecnologia no mesmo ambiente para promover interação, dará com os burros n’água.

Veja o que aconteceu com o artigo Esperando agosto chegar, postado neste blog e republicado pela Webinsider. O pessoal da PHP-Nuke Brasil (CNB) publicou o artigo na comunidade deles, acrescentando, no final, uma informação que eu não detinha – a participação de dois membros da comunidade no projeto. É claro que este dado pode não interessar ao público em geral, mas é de extrema relevância no registro da trajetória do trabalho dos membros deste grupo.

Isto é Inteligência Coletiva. Isto é Web 2.0. Isto é wiki (what.I.know.is). Em bom português, “O que eu sei é...”

Obrigada, pela colaboração, rapazes. E parabéns pelo trabalho!

quarta-feira, julho 12, 2006

Esperando agosto chegar

O ICOX, primeiro software livre de Inteligência Coletiva desenvolvido no Brasil, estará com sua versão 1.0 disponível para download em agosto. Ao contrário dos novos softwares que oferecem interação de ferramentas, como o Flock (falarei sobre ele em um próximo artigo), o ICOX é um gerenciador de comunidades virtuais. Baseado em Web 2.0, ele vai ajudar não só os profissionais que trabalham com comunicação e informação, mas todos os que necessitam trocar conhecimento e idéias, no âmbito local, regional ou internacional.

Tive o prazer de testar o ICOX e, confesso, estou contando os dias para agosto chegar. Para quem viveu os tempos do BBS (Bulletin Board System) – sistema de troca de informações semelhante a um quadro de avisos e considerado o avô da Internet que conhecemos hoje – o ICOX é um avião. Mesmo para os que não são tão “coroas” na Grande Rede, ele dá um banho em termos de gerenciamento de listas.

A primeira coisa que me chamou a atenção foi o uso de abas – elas vieram para ficar – para acessar as diversas comunidades das quais o usuário participa. Lembra a estrutura de um jornal, onde o usuário é o editor e escolhe as “notícias” que irão para a “primeira página”. Assim, pode ter uma idéia rápida do que está se passando nas comunidades e entrar com um só login. Não me surpreende que o projeto tenha à frente um jornalista. Carlos Nepomuceno que se dedica ao tema desde a década de 80. A primeira página www que vi na vida (até então operávamos em DOS, tela preta e letra branca) foi na máquina dele. Mas isso é outra conversa.

No ICOX, o usuário pode acompanhar toda a sua participação na comunidade, da mesma forma que observa e consulta a movimentação dos outros participantes: mensagens, imagens e artigos postados, estatísticas e muito mais. Para quem quer acompanhar um assunto e chegou atrasado, é perfeito. Para pesquisa, uma mão na roda. E ainda há uma área para pendências, semelhante a um espaço de rascunho. A versão 1.0 ainda não permitirá agendar a postagem, mas este recurso já está na lista das melhorias para o 2.0.

Para quem gerencia ou anima uma ou mais comunidades, as facilidades são ainda maiores. A administração é simples, toda feita por botões e listas. Objetivo, direto e prático. Há vários níveis de gerenciamento, com diferentes competências, o que transparece a intenção de permitir a delegação de “poder” dentro das comunidades. Gostei demais disso, porque se aproxima bastante do objetivo da Web 2.0 de construir o conhecimento de forma coletiva. Porque quando temos um espaço onde todos podem dizer o que pensam, mas apenas o mediador decide o que vai para o ar, como é o caso de algumas listas moderadas, este “coletivo” fica um tanto fragilizado.

O ICOX já sai adaptado para o uso por deficientes visuais e poderá ser instalado em qualquer servidor, na rede local (intranet) de instituições e empresa ou na internet.

É bom ver nascer um software ser livre, gratuito e nacional, desenvolvido com o dinheiro dos nossos impostos, com a capacidade técnica dos nossos profissionais, para fomentar o desenvolvimento de idéias, projetos, arranjos e empresas no nosso país.